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Cem condomínios notificados em Jaboatão

 A poucos metros de um esgoto a céu aberto, crianças fincam o pé na areia enquanto os pais desfrutam de um espetinho de carne assado ao mesmo ar livre no qual se sente o cheiro podre dos resíduos que escorrem para o mar. O cenário se repete há anos e somente agora pode começar a mudar. Termina hoje o prazo para o Edifício Mar Del Plata adequar o sistema de descarte dos dejetos supostamente jogados diretamente no mar de Piedade, Jaboatão. O condomínio foi o primeiro multado, em R$ 7 mil, pela prefeitura, em ação que deve visitar outros quatro edifícios entre Piedade e Candeias nesta segunda quinzena de novembro. Caso não se adeque, terá que arcar com multa de R$ 20 mil quando, na segunda-feira, os fiscais voltarem a vistoriar as instalações. 
Até o momento, pelo menos 100 condomínios foram notificados a esclarecer o atual sistema de saneamento na cidade e a expectativa é de que o problema da contaminação da faixa litorânea, ainda mais evidente após o processo de engorda da praia, seja resolvido até o fim de 2013. 

Por conta de problemas com saneamento que afetam o mar, a Agência Estadual de Meio Ambiente já considera 16 trechos de praias como “impróprias para banho” no estado. Por enquando, a área em frente ao prédio não está entre eles. “Depois que a faixa de areia foi aumentada, começamos a identificar com mais clareza os pontos de despejo e estamos trabalhando para que todos adequem seus sistemas e que a coleta de esgoto seja apropriada”, explica o secretário-executivo de Meio Ambiente, Habitação e Saneamento Edvaldo Rufino. Segundo ele, alguns condomínios já mostraram planos de adaptação, enquanto outros podem vir a sofrer as mesmas punições que o do prédio situado na Avenida Bernardo Vieira de Melo, um dos metros quadrados mais caros da RMR. “O propósito não é a multa, mas a solução. O problema sempre foi de difícil identificação, por ser subterrâneo”. A lei prevê punição de R$ 5 mil a R$ 50 milhões para poluição do meio ambiente, a depender da gravidade.

Para o mestre em ciências da natureza Gustavo Holanda, o perigo do esgoto no mar vai além do incômodo com o mau cheiro ou a poluição visual, contribuindo para desequilíbrios ecológicos da fauna local. “Ali não vão apenas resíduos humanos, mas também produtos de limpeza, nem sempre biodegradáveis, que podem ser tóxicos ao ambiente. A quantidade de bactérias é multiplicada, podendo matar peixes e outros animais, deixando predadores, como tubarões, por exemplo, sem comida”, avalia.

Segundo o Ministério da Saúde, o contato com esgoto pode causar ao ser humano doenças como cólera, hepatite A e febre tifóide. A administradora Lygia Dornelas, 62, diz frequentar o trecho da orla em frente ao Del Plata há vários anos e que o cenário sempre foi o mesmo. “Meu marido mesmo não vem para cá. Só entro no mar em raras ocasiões”, conta. Ela é cliente do comerciante José Amaro de Araújo, dono de uma banca de bebidas e espetinhos há 18 anos. “O problema começou depois da construção desses prédios altos, há uns 12 anos. Já me custou muitos clientes, claro!”, lamenta.

Prédio nega responsabilidade

O esgoto que corre em direção ao mar no luxuoso trecho de condomínios em Jaboatão incomoda não apenas banhistas, mas também os moradores do próprio Edifício Mar Del Plata. Integrante da comissão do condomínio, Vera Nogueira alega que as acusações da prefeitura são equivocadas e apenas reforçam um estigma já sofrido há muito tempo pelos moradores. “O condomínio já foi notificado e provou que esse esgoto não é do prédio. As pessoas ficam acusando e é ruim para moradores e funcionários. Nós mesmo denunciamos isso, porque fica aqui do lado. É de nosso interesse que seja resolvido. Depois de comprovado que não há relação com o Del Plata, a síndica tomará providências para que se mostra que não se deve julgar ninguém com antecedência”, afirma.

O edifício, de número 2.663, tem 22 apartamentos distribuídos em 11 andares. A rua que dá acesso à portaria tem córregos com esgoto correndo perto da entrada do prédio. 
Procurada, a síndica, identificada como Maria Dulce Duarte da F. Barros, preferiu não se pronunciar, deixando apenas recado com o corpo de funcionários, alegando que “tudo vai ser resolvido de alguma forma, junto à Secretaria de Meio Ambiente de Jaboatão”, sem esclarecer se o prazo determinado foi cumprido ou de que forma.

 

Fonte:http://www.diariodepernambuco.com.br

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